Mulheres na direção: uma breve história das pioneiras e figuras femininas que marcaram dentro e fora das pistas
Desde a invenção do carro é fácil encontrar a influência feminina no automobilismo e em toda indústria automotiva. Porém, apesar da crescente de interesse em inserção da mulher em todas as áreas, ainda existem muitos paradigmas e barreiras que precisam ser quebrados para que esse quadro possa evoluir mais e causar um maior impacto social.
Por Larissa Luduviko – Copywriter da Consultoria7.
Hoje o nosso convite é para que você se aventure nas histórias de empoderamento que preparamos para te contar no Dia Internacional da Mulher.
Vamos lá! Não é necessário que a gente se limite a encontrar somente no agora a criação e a influência de mulheres no ramo automotivo. Desde o início da história dos carros, mulheres têm se destacado por sua trajetória, coragem e alta performance no ramo.
A coragem da grande pioneira…
Em 5 de agosto de 1888, a coragem de Bertha Benz já nos chamou a atenção. A primeira mulher a dirigir um automóvel particular movido a gasolina e participar da construção dessa invenção que é tão primordial atualmente, tomaria uma atitude inesperada. Com seu marido já desanimado e pensando em abandonar o projeto do que seria o primeiro automóvel do mundo, Bertha testa a invenção que mudaria a vida de homens e mulheres por toda a história.
No meio de uma madrugada, com a coragem e determinação que são características que já conhecemos nas mulheres que nos cercam, Bertha Benz, esposa de Karl Benz, considerado o pai do automóvel, decide levar os seus dois filhos para visitar a avó. Então, Bertha escreve um bilhete, explicando a viagem, e deixa na cozinha de casa.
Eram 106 km de distância, de Mannheim com destino a Pforzheim ao volante do Benz Patent-Motorwagen 3, triciclo com motor monocilíndrico de 1.6 litros, Bertha segue no que seria a primeira viagem de automóvel da história. No meio da viagem, o carro sofre uma pane.
O que Bertha Benz fez? Com peças de sua roupa, a pioneira consertou os problemas que apareceram e com a benzina, comprada em uma farmácia, conseguiu abastecer e resolver as dificuldades relacionadas com o sistema de refrigeração do carro, mesmo tendo a necessidade de parar várias vezes em busca de fontes de água. Porém, como podemos perceber até hoje, todo esse esforço deixou um legado que nos acompanha com uma trajetória de coragem e superação deixada pela pioneira do ramo automotivo.
Esse grande feito, fez com que a viabilidade do automóvel fosse provada e popularizada, além disso fez com que a empresa que o casal possuía, que aliás foi financiada por essa Bertha Benz, se transformasse na gigante Mercedes-Benz.
De grandes invenções também é feita a história das mulheres e dos carros…
Em 1902 o limpador de para-brisa foi inventado, e mais uma vez, uma figura feminina tomou o espaço de notoriedade com seu feito que até hoje é considerado um marco, nessa corrida da indústria de automóveis que vivenciamos.
Em uma viagem para Nova York, a empresária do ramo civil Mary Anderson percebeu por diversas vezes que os condutores tinham a necessidade de parar os seus automóveis em meio a uma viagem, só para manutenção da limpeza do para-brisa.
Como solução, a empresária criou o braço metálico que revestido por borracha e alinhado a um dispositivo interno, resolveria o problema até os tempos de hoje.
Agora, sempre que você entrar em um automóvel, vai lembrar de Mary, não é mesmo?
Uma resistência e excelência de se impressionar…
Piloto de corrida, autora, fotógrafa e esquiadora, mas foi como primeira jornalista automotiva que Denise McCluggage pode entrar para o Hall da Fama. Denise foi uma das fundadoras do periódico que hoje é o famoso site AutoWeek, criado em 1968. Essa grande influência também foi a campeã na categoria Grand Toyring, em 1961, pilotando uma Ferrari 250 GT SWB e de algumas outras competições grandes também.
Além disso, Denise foi quem introduziu a psicologia ao ski profissional, mas não foi fácil, até o final de sua vida, enfrentando as diversas barreiras que o machismo impunha. Em alguns relatos, Denise destaca o fato de ter que realizar suas entrevistas pelo cerco de arame, separada pela opressão que sufocava as mulheres nesse setor, ao ponto de não terem o direito de entrar no pit, na garagem, nem ao menos na área de imprensa.
E por fim, também nas marcas deixadas nas pistas, encontramos a força na história dessas grandes mulheres!
Você já deve ter escutado falar por aí sobre Shirley Muldowney, a primeira pessoa a vencer primeiramente 2, e logo após um tempo, 3 títulos Top Fuel no drag racing. Essa mulher que foi tão marcante em nossa história deixou um legado de coragem, força e superação ao vencer não só nas pistas, mas também como essa figura marcante que se tornou exemplo para tantas outras mulheres.
No Top Fuel, uma das categorias de drag race, um piloto pode alcançar 539 km/h, percorrendo a distância oficial de 305 metros em menos de quatro segundos, duração média da prova. Foi na grande competição nacional Top Fuel da NHRA, nos Estados Unidos, que de fato se consolidou a ascensão de Shirley Muldowney como essa grande campeã de todos os tempos. Em 1977, Shirley ganhou sua primeira prova na categoria, isso já rendeu a piloto reconhecimento até no meio político. Três anos depois, provando que ela podia ir muito além, se tornou a primeira pessoa do mundo a conquistar o título no Top Fuel duas vezes. Como se não bastasse, em 1982, ela repetiu o feito, levantando o troféu pela terceira vez. Depois disso, foram várias outras vitórias e uma história inspiradora que até hoje a faz ser considerada uma lenda das pistas.
E continuamos a fazer história…
Mas não que Bertha, Mary, Shirley e Denise tenham sido privadas das barreiras impostas pelos homens , mas assim como eu e você, os feitos, conquistas, criações brilhantes e fundamentais para a construção do que hoje é a indústria automobilística e tantas outras, carregam e sempre vão carregar a influência e autoria do nós, do todo, de mulheres fortes em todos os lugares, funções, posições e papéis, com nossa participação e construção da sociedade civil, avançando por um mundo onde não só participamos da história que é contada, mas um mundo onde também a escrevemos.