O mercado automotivo em 2022
O mercado de carros novos e seminovos está passando por uma transformação neste início de 2022. Se você quiser saber o que vai acontecer neste ano, se os preços vão subir, se vão cair, leia o post até o final.
Por Eldon Clayton – Diretor de Inovação e Tecnologia e Sócio-Fundador da Consultoria7.
O fato é que algumas revendas de carros seminovos estão começando a ter carros em estoque, algo que já não acontecia há muito tempo. Com isso, começamos a observar que certos “descontos” em carro 0Km começam a aparecer novamente. Alguns parceiros relatam que, para fechar negócio, chegam a conceder mais de R$ 20 mil reais em benefícios em um único modelo.
Você é lojista e já deve ter notado que está um pouquinho mais difícil fechar os negócios neste início de 2022. Os últimos dois anos foram totalmente atípicos, justamente por conta da pandemia. Não que ela tenha acabado, o cenário ainda é incerto. Os números têm mostrado que, infelizmente, voltamos a patamares de morte muito altos, que a quantidade de pessoas infectadas subiu. Eu mesmo fiquei doente há alguns dias, mesmo tendo tomado as doses corretamente, o que fez com que os sintomas fossem leves, mas isso não impediu que eu contraísse a doença.
Com tudo isso, as pessoas estão se comportando de maneira totalmente diferente de 2020 e 2021. Em março de 2020, quando iniciou a pandemia no Brasil, a maioria da população ficou em casa, muitas pessoas pararam de trabalhar ou perderam seus empregos. Já 2021 foi um ano de reação. O cenário do mercado mudou. Muitas pessoas começaram o ano passado ainda em home office, não saíram mais de casa e mantiveram um certo cuidado. Porém, à medida que a vacinação foi evoluindo, as pessoas começaram a voltar para o trabalho, começaram a sair para rua… perceberam que é importante ficar em casa, mas que a vida normal precisava voltar.
Isso mudou o comportamento das pessoas. Enquanto todos estavam trancados dentro de casa, muitas começaram a buscar uma alternativa para se divertir, para passar o seu tempo e até para se locomover de uma maneira segura. Uma das alternativas para isso e com segurança foi justamente o automóvel. Assim, muita gente que não tinha automóvel saiu em busca de um carro, tanto zero quanto seminovo. Isso fez com que os preços dos carros subissem.
Primeiramente, as fábricas de carros novos começaram a ter problemas com falta de semicondutores, componentes em geral, com matéria-prima e restrições em relação à produção. Assim, não conseguiram mais produzir a quantidade de carros nos patamares anteriores. Segundo, pela alta procura de seminovos.
Como tudo nessa vida passa, as fábricas começaram a se adequar e voltar à normalidade. As pessoas começaram a circular novamente e ter hábitos do passado, a ir a festas, bares, restaurantes e o carro já não é mais o centro das atenções novamente, objeto de desejo por ser uma válvula de escape para o confinamento e tédio do dia-a-dia trancado em casa. Por isso, o mercado já não está tão aquecido quanto antes e isso tem impacto, tanto na venda dos usados quanto na venda dos novos.
Aliada a essa mudança comportamental, vem as mudanças econômicas. Nos noticiários, sites especializados e rodas de conversa temos ouvido falar do temido bicho papão da inflação. Os números acumulados mostram uma inflação de mais de 10% ao ano. Outro fator importante é o aumento da taxa SELIC, a taxa básica de juros no Brasil, que está em uma escalada fortíssima desde março de 2020. Estava em 2% até fevereiro de 2020 e hoje (fevereiro de 2022) está em incríveis 10,75%. Isso encarece o crédito no mercado e influencia o valor dos financiamentos. Sobe a SELIC, sobe a taxa de juros dos financiamentos de novos ou seminovos e a inflação come parte do nosso poder de compra.
Ou seja, para não reduzir a quantidade de coisas que a mesma quantidade de dinheiro pode comprar, as pessoas começam a abrir mão de alguns supérfluos. E o carro tem se tornado um item não tão essencial como antes.
A FENABRAVE divulgou que, em dezembro de 2021, houve uma queda de 25% na venda de seminovos em relação ao mesmo período do ano de 2020. Isso já mostra que realmente o consumidor estava dando uma freada nas aquisições. Os dados de janeiro de 2022 sobre a venda de novos, mostram que houve uma queda de 40% em relação a dezembro de 2021 e 30% em relação ao mesmo período do ano passado.
Isso significa que o mercado está voltando à “normalidade“. Esses fatos mostram que o início de 2022 não tem sido fácil para quem precisa vender e que, em breve, o consumidor menos afoito pode encontrar boas ofertas no mercado.
Como a inflação não deu sinais de estabilidade e retração, é provável que a SELIC continue a subir nos próximos meses. Não espera-se que os preços dos carros novos e usados voltem aos patamares anteriores da pandemia, mas podemos estar chegando em um platô de subida e estabilização.
É provável que nos modelos novos vejamos “promoções”, que não desvalorizam o produto ao voltar a preços inferiores aos praticados atualmente, mas que atendem às expectativas dos consumidores que podem não estar mais dispostos a pagar o alto preço que tem sido adotado, e que nos seminovos haja uma acomodação e queda dos preços, em função da realidade econômica e comportamental anteriormente abordada.